quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Entre ser-corpo e ser-espaço: desdobramentos poéticos no digital

Corpo

Das inquietações acerca das denotações/conotações da palavra corpo, a pesquisa aqui pautada se apoia neste termo como ponto primeiro de investigação artística. De antemão, friso a importância de uma quebra na estrutura convencional: não se trata de um entendimento calcado pura e simplesmente na materialidade corporal, tampouco na contextualização do mesmo na dança, no teatro, no cinema, embora não se descarte as transversalidades dos temas abordados. O corpo aqui pretendido opera enquanto estrutura e/ou mecanismo através do qual nos relacionamos com o mundo. Procuro entender o corpo como um espaço, bem como entender o espaço enquanto um corpo. Sob o prisma de estudos fenomenológicos básicos, tem-se que


Enquanto tenho um corpo e através dele ajo no mundo, para mim o espaço e o tempo não são uma soma de pontos justapostos, nem tampouco uma infinidade de relações das quais minha consciência operaria a síntese e em que ela implicaria meu corpo; não estou no espaço e no tempo, não penso o espaço e o tempo; eu sou no espaço e no tempo, meu corpo aplica-se a eles e os abarca. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 194)

Assim, infere-se que há no corpo uma correlação entre a apreensão e a aplicação do mesmo no espaço e no tempo. Ao longo do processo de investigação, busca-se as configurações do corpo tanto  no espaço físico, quanto no virtual. Haveria distinções? Quais seriam? O que difere a composição do corpo em ambos os espaços? E o que os traz em formas análogas? Quais são as imbricações entre a materialidade do espaço físico e a intangibilidade do virtual? Como e onde se aloca o corpo entre estas fronteiras?

Linguagens

A Fotografia e o Vídeo surgem como possibilidades de (re)criação do indivíduo e do espaço. Em se tratando de um contexto no qual a cultura digital permeia a arte/vida contemporânea, atentando para o caráter numérico das informações agora compreendidas no ciberespaço, esse processo de recriação se dá de maneira ainda mais inventiva e passível de múltiplos desdobramentos. A Fotografia se expande em projeções, em papéis, em recortes. O Vídeo é potencializado, expandido, remodelado. Transitando por entre as linguagens, o corpo-espaço pretendido ao longo desse processo criativo será con/re/desconfigurado de modo a suscitar reflexões pautadas, enfaticamente, na poética do efêmero.


con·fi·gu·ra·ção
(latim configuratio, -onis)
substantivo feminino
1. Forma exterior dos corpos.
2. Figura que apresenta um grupo de coisas dispostas em certa ordem. = COMPOSIÇÃO, DISPOSIÇÃO
4. .Ato ou efeito de configurar.
5. Conjunto de opções ou parâmetros definidos para um programa ou sistema informático ou para um equipamento.

"configuração", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/configura%C3%A7%C3%A3o [consultado em 05-03-2015]

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